terça-feira, 13 de agosto de 2013

Garota, Interrompida - Susanna Kaysen

Garota, Interrompida
Autor(a): Susanna Kaysen 
Editora: Única
Ano de lançamento: 2013
Páginas: 190
Classificação:  

*Livro enviado como cortesia pela Editora Única 

Quando a realidade torna-se brutal demais para uma garota de 18 anos, ela é hospitalizada. O ano é 1967 e a realidade é brutal para muitas pessoas. Mesmo assim poucas são consideradas loucas e trancadas por se recusarem a seguir padrões e encarar a realidade. Susanna Keysen era uma delas. Sua lucidez e percepção do mundo à sua volta era logo que seus pais, amigos e professores não entendiam. E sua vida transformou-se ao colocar os pés pela primeira vez no hospital psiquiátrico McLean, onde, nos dois anos seguintes, Susanna precisou encontrar um novo foco, uma nova interpretação de mundo, um contato com ela mesma. Corpo e mente, em processo de busca, trancada com outras garotas de sua idade. Garotas marcadas pela sociedade, excluídas, consideradas insanas, doentes e descartadas logo no início da vida adulta. Polly, Georgina, Daisy e Lisa. Estão todas ali. O que é sanidade? Garotas interrompidas.

Posso afirmar que “Garota, Interrompida” é um livro diferente de todos que eu já li. Ele é bem honesto em relação aos acontecimentos, e chega a ser assustador em alguns pontos, e não é só pelo fato de se tratar de garotas que foram internadas em um hospício, mas sim, por ter me feito entrar diretamente na história e, me fazer chegar a duvidar da minha própria sanidade.

 “Fui a primeira pessoa na história da escola a não entrar para a universidade. É claro que pelo menos um terço dos meus colegas de turma não terminou a faculdade. Em 1968, os estudantes viviam largando os estudos.” 

Em 1967, Susanna Kaysen, de dezoito anos, é internada em um hospital psiquiátrico após tentar se suicidar, ela é diagnosticada com personalidade limítrofe, e é convidada a se juntar as garotas do McLean. Neste livro ela narra seus dois anos lá dentro, e sua convivência com outras garotas dali. Polly, Georgina, Dayse e Lisa. Todas estão ali por algum motivo, todas tem algo que os outros não conseguem entender, todas elas foram diagnosticadas como insanas. Todas garotas interrompidas.

 “As pessoas me perguntam: como você foi parar lá? O que querem saber, na verdade, é se existe alguma possibilidade de também acabarem lá. Não sei responder à verdadeira pergunta. Só que posso dizer: é fácil.” 

O que mais gostei desse livro foi o fato de não girar totalmente em torno de Susanna. Mesmo sendo uma biografia, a autora conseguiu dar bastante espaço para os outros personagens, e explicar o porquê cada um estava ali, sua personalidade e manias. Acho que na verdade, essas personagens conseguem ser mais interessantes do que a própria Susanna. Quando virei à última página não consegui acreditar que já tinha acabado, a forma como a narrativa é conduzida é ágil que mal notei quando estava quase no fim.

"Não estava convencida da minha loucura, embora temesse estar louca. Há quem diga que ter uma opinião consciente sobre o problema é um indício de sanidade, mas não sei ao certo se é assim."

A editora está de parabéns quanto ao trabalho feito no livro. A capa tem uma simplicidade diferente. A cor chamativa, e as letras em relevo são muito lindas, e o destaque no título foi muito interessante, além da revisão que está impecável. Temos também acessos a alguns prontuários médicos de Susanna.

Em um estranho sentido, éramos livres. Tínhamos chegado ao fim da linha. Não tínhamos mais nada a perder. Nossa privacidade, nossa liberdade, nossa dignidade: tudo isso tinha acabado."


Uma das únicas coisas que eu não gostei foi que, o livro tem uma linguagem muito imprópria. Já havia visto uma resenha que falava disso, mas não imaginava. Outra coisa é que fiquei com algumas perguntas no ar, nada que prejudicasse o meu entender do livro, mas fiquei com a sensação de que faltava algo. Não sei se todos os fatos contados no livro são reais, mas acredito que grande parte deles seja. Susanna conversa com o leitor, o instiga a julgar e nos deixa com algumas dúvidas sobre o que nós geralmente pensamos a respeito de pessoas loucas, e como não estamos nem um pouco distantes dessa realidade. 

“Dessa vez, li o título da pintura: Garota interrompida em sua música.
Interrompida em sua música: tal qual acontecera com a minha vida, interrompida durante a música dos 17 anos, tal qual a vida dela, roubada e presa a uma tela; um momento congelado no tempo mais importante que todos os outros momentos, quaisquer que fossem ou que viessem a ser. Quem pode se recuperar disso?”

4 comentários :

  1. Esse livro me chamou muito atenção. Muitos são aqueles que são excluídos pela sociedade, tidos sofrerem de distúrbios, serem taxados como loucos, sua resenha me pareceu que o livro aborda bem isso.
    Achei interessante justamente por esse fator, é um livro que são poucos que abordam esse assunto.

    M&N | Desbrava(dores) de Livros

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  2. Quero muito ler esse livro, desde que soube do filme, acho que é um tipo de literatura que não agrada a todos pelo contexto que envolve, mas acho que por ser tão diferente é legal de ler!
    Seguindo o blog!
    Abraços
    Melissa
    De Coisas por Aí

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  3. Oi Min, adorei a resenha, e quero muito comprar o livro..
    Beijos.
    http://www.livroslidoserevirados.blogspot.com

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  4. Oi Yasmin!
    Estou louca para ler esse livro desde que assisti o filme. Todo mundo está falando super bem dele e, se for tão bom como o filme, é certeza que vou amar ()em geral sempre gosto mais dos livros do que dos filmes - rs)
    Adorei a resenha! Já imaginava que o livro tivesse uma linguagem um tanto imprópria, mas não é algo que me incomode muito.
    Beijos
    http://www.coisasdemeninasarteiras.blogspot.com.br/

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Beijinhos
Yasmin